Negócios conscientes, muito além de somente lucro! Saiba o que são e como movimentam o desenvolvimento das comunidades

Um dos movimentos mundiais que falam sobre consciência nos negócios, impacto positivo no ecossistema e a busca por ser um negócio mais consciente é o Capitalismo Consciente. A abordagem do Capitalismo Consciente nos diz que um negócio precisa considerar pilares como: propósito maior, liderança consciente, orientação para stakeholders e cultura consciente. Resumidamente, empresas que representam Negócios Conscientes geram valor para todos os integrantes do ecossistema. E vai além das métricas tradicionais de mercado como share, margem e lucratividade.

Quando o desenvolvimento das comunidades faz parte da estratégia da organização, a empresa assume protagonismo e eleva sua própria reputação. O lucro não é o único objetivo dessas organizações porque inclui outros indicadores para melhorar o ecossistema ao qual pertencem. Comunidades melhores significam um planeta melhor para todos viverem e, por isso, todos ganham.

Mudanças começam de dentro

Negócios conscientes partem do ambiente interno das empresas. As que possuem a verdadeira noção do seu propósito fazem com que os colaboradores se sintam engajados neste propósito único - o que acaba contribuindo para o sucesso do negócio. Além disso, gera conexão com seus clientes já que demonstra interesse genuíno e não somente comercial.

Nesse sentido, as causas ambientais e sociais são importantes, mas não únicas para que uma organização se torne um Negócio Consciente. O que interessa mesmo é que a solução em si melhore a vida das pessoas!

O consumidor do futuro não é mais o mesmo. As pessoas estão cada vez mais conectadas em consumir algo que faça sentido para si e para o entorno em que vivem. Valores e propósitos de empresas são e serão ainda mais relevantes para gerar lucratividade. O que está por trás de determinado produto ou serviço? Esse questionamento deverá ser respondido pelas empresas que querem se consolidar no mercado.

Características de um Negócio Consciente:

• Relação do seu produto com o impacto que gera no planeta;
• Respeito aos stakeholders, que são os parceiros dos negócios, e construção coletiva das soluções com eles;
• Questões sociais, ambientais e impacto nas comunidades, o chamado ESG;
• Produto ou serviço que melhora a vida de quem consome;
• Clientes satisfeitos.

Dobra, Mercur e Natura, o que essas empresas têm a ensinar?

É comum ouvir de profissionais de branding e dos próprios consumidores da marca que a Natura é uma empresa preocupada com o meio ambiente. Isto é a prova de que a empresa brasileira de cosméticos conseguiu implantar essa cultura e, ainda, foi além: comunicou de forma tão eficiente que atingiu o público-alvo e até os que não consomem.

Faz parte da comunicação da Natura a informação sobre sustentabilidade e, há poucos anos, o engajamento com o que chama de Visão 2030, também conhecido como Compromisso com a Vida. Com isso, a Natura se compromete publicamente com ações dentro de 10 anos sobre questões urgentes do mundo. No site oficial da empresa, a Natura & Co expõe pontos principais que terão sua atenção:

• Enfrentar a crise climática;
• Proteger a Amazônia;
• Garantir igualdade e inclusão;
• Mudar os negócios para circularidade e regeneração.

E, ainda, destaca o que já é realidade na marca de cosméticos:

• Sem testes em animais na fabricação dos produtos;
• Preocupação em gerar menos lixo;
• Embalagem ecológica.

Observe o teor de parte do texto em que a empresa comunica seu propósito a partir de um anúncio feito em 2023: “A Natura &Co manifesta a necessidade de revisar as metas originais estabelecidas para 2030. A revisão do Compromisso com a Vida, agora focada na América Latina, pretende dar conta dessas transformações. Beleza é causar impacto positivo!”

Assim como o mercado dos cosméticos, o setor da borracha foi ressignificado na indústria a partir das ações da Mercur. A linha Borracha Natural tem 75% de material renovável em sua composição por ser produzida com fécula de mandioca. O produto é mais leve e demanda menos uso de combustível no transporte, o que diminui as emissões de gases do efeito estufa. E, não para por aí!

Segundo a Mercur, o látex, que é utilizado em parte das borrachas, é oriundo do Projeto Borracha Nativa, que apoia comunidades extrativistas do Pará e incentiva o desenvolvimento local. Você percebe que as práticas estão totalmente alinhadas com o conceito de Negócios Conscientes?

Observe o que a empresa diz sobre as iniciativas em seu site oficial: ‘A equipe da Mercur entendeu que era preciso se aproximar dos professores e profissionais de educação para compreender como ser uma aliada da educação ou do que fazer para não atrapalhar esse processo.’

Pontos em que a Mercur está engajada:

• Trocar, sempre que possível, embalagens plásticas por papelão;
• Mudar a carga mineral das borrachas por fécula de mandioca;
• Reaproveitar resíduos para fazer novos artigos, reduzindo o desperdício;

A Mercur descontinuou determinados produtos, que não correspondiam com os seus valores e criou novos, como as borrachas TR Oval e Retangular Color. Esses produtos mostram frases que buscam instigar a reflexão através de uma visão positiva do mundo. Também há o Programa Biomas do Brasil, em que as borrachas levam ilustrações da flora e fauna brasileira. Ambiente, sustentabilidade e educação são os pilares informados pela Mercur.

Outro exemplo é a Dobra. Com uso de tyvek, uma fibra sintética que imita papel, a empresa vende carteiras, bolsas e até tênis sustentáveis.

Ser um Negócio Consciente não é realizar somente ações isoladas, mas desenvolver práticas coletivas alinhadas ao conceito de Capitalismo Consciente. O cliente da Dobra, ao comprar o produto, ajuda ONGs e recebe sementes para plantar em casa. A Dobra também aposta em ensinar como abrir uma empresa local e com gestão horizontal. Ou seja, aposta em compartilhar conhecimento que desenvolva comunidades locais.

‘Comprar da Dobra é diferente. Quem já comprou na Dobra sabe: aqui não se compra só um produto. Cuidamos de cada detalhe do processo para fazer de cada compra uma experiência inesquecível.’

Fonte: site oficial da Dobra

Engajada em ser um Negócio Consciente, a empresa tem como ações na prática: uso do material que não é papel, produção local 100% reciclável e livre de materiais de origem animal, uso de embalagens reutilizáveis e estampas colaborativas. Esse último reúne artistas locais independentes que ganham parte do lucro da venda. Ou seja, a Dobra entende a valorização da inclusão de parceiros que agregam valor ao produto e, desta forma, desenvolve a economia local.

Cervejaria Edelbrau, um exemplo para nossa região!

Depois de conhecermos o conceito amplo e os exemplos nacionais sobre Negócios Conscientes, fica a dúvida: será que existe alguma iniciativa perto de nós? A resposta é sim! A Cervejaria Edelbrau, que está localizada em Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, sede da cooperativa Sicredi Pioneira, tornou-se, em 2018, a primeira cervejaria brasileira a gerar 100% da energia consumida na própria fábrica.

Além da energia, há a captação de água da chuva, utilizada na limpeza do piso, irrigação dos jardins, uso nos vasos sanitários e no processo de pasteurização (no contato apenas com o exterior da garrafa). São 45 mil litros de cisterna que captam a água da chuva no sistema instalado pela empresa.

“Desde a concepção da cervejaria, tivemos a clareza de que o negócio deveria trazer valor para nossos sócios, mas também para a comunidade. Então, a sustentabilidade sempre esteve muito presente nos três pilares que são social, ambiental e econômico. Estamos fazendo atividades alinhadas à sustentabilidade ambiental, mas que também contribuem para a sustentabilidade econômica! ”

Fernando Maldaner sócio proprietário da Cervejaria Edelbrau

Saiba mais: Sicredi Pioneira, todos os espaços agora são 100% movidos a energia solar!

Assim como a Edelbrau, você também pode fazer uso de linhas de crédito Sicredi para energia renovável. Saiba mais aqui.

Gostou desse conteúdo? Aproveite para saber mais sobre nossa série sobre os temas relacionados. Já tratamos de Empresas de Impacto Social e, no próximo post, vamos explorar um conceito que é muito falado atualmente: ESG. Não perca!